Tsunami Financeiro

Um interessante movimento de capitais pelo Brasil e pelo mundo tem agitado vários setores
da economia com sinais de que pode estar apenas no começo.O excesso de liquidez,
grandes lucros e a necessidade de escala cada vez maior para uma atuação global provoca
grandes movimentações em fusões e aquisições e, no Brasil, a novidade de um mercado de
capitais ampliado e mais sofisticado traz novos instrumentos para alimentar essa dinâmica.
Dois movimentos principais despontam: os fundos de participações (private equity) que
trazem capitais, principalmente do exterior, para comprar participações em empresas
estabelecidas assumindo parte da gestão e os processos de abertura de capital (IPO) onde as
empresas mais organizadas de cada setor saem na frente levantando recursos para
investimentos. Uma tendência recorrente dos dois movimentos é o caminho da chamada
consolidação, onde empresas do mesmo setor são adquiridas e fundidas criando uma nova
empresa mais forte, capaz de competir de maneira mais abrangente ou mesmo em escala
global ou de ser vendida com grandes lucros. Recentemente temos visto aqui no Espírito
Santo o reflexo de alguns desses movimentos, como no mercado imobiliário, com a
presença forte de grandes construtoras e imobiliárias do Rio, São Paulo e Minas,
capitalizadas em “IPO”s na Bolsa, comprando ou fazendo parcerias com empresas locais ou
simplesmente disputando o mercado. No norte do Estado usinas de álcool vêm sendo
adquiridas e consolidadas por fundos de participação especializados procurando encorpar as
suas operações. O movimento tende a se ampliar. Empresas de todos os setores abriram ou
abrirão o seu capital e passarão por aqui investindo no que puderem e que tiver valor. Será
assim, com maior ou menor ênfase, na educação, saúde(hospitais, laboratórios, farmácias),
TI, transportes, móveis, metal-mecânica, confecções, comércio e agronegócios.
.Momentâneamente, com a crise de crédito nos Estados Unidos, o movimento de abertura
de capitais reduziu o seu ímpeto, mas a movimentação dos fundos de participação só tende
a aumentar com a perspectiva concreta de o Brasil atingir o chamado grau de investimento
até 2009. A partir daí, grandes fundos que só podem aplicar os seus recursos em países com
este selo, desembarcarão por aqui com grande apetite.
As empresas capixabas mais organizadas começam a se movimentar para abrir seu capital –
mas isto é só para os grandes- ou se fortalecem comprando concorrentes e se valorizando
para competir ou vender.
Esse movimento é bom ou é ruim? Depende, mas não importa por ser inevitável. A vinda
de empresas dessa maneira traz novos investimentos, modernização de gestão e inclusão do
Estado nos processos modernos do capitalismo. Em movimento anterior outros ícones
foram vendidos como Garoto, Escelsa, Sucos Mais e CST.
Que cada um procure melhorar a sua gestão, abrir os seus horizontes para uma atuação mais
ampla e se informar sobre oportunidades do mercado financeiro.