Os sistemas de saúde públicos e privados estão pressionados de vários lados, como as novas tecnologias de imagem e novos medicamentos mais caros e o envelhecimento da população. Por outro lado, convivem com processos improdutivos, ausência de prevenção, alimentação inadequada, número enorme de acidentes, violência e até inovações absurdas como cigarros eletrônicos.
Entre março de 2020 e julho de 2021 o SUS registrou 308 mil internações de pessoas em decorrência de sinistros de trânsito em todo o país. Os acidentes de moto representaram 54% desse total. Geralmente, devido à alta velocidade, as vítimas apresentam várias lesões, que requerem cirurgias complexas e fisioterapia prolongada. Em 2020, o gasto público com internações de motociclistas chegou a 171 milhões de reais. Fora o custo principal com a perda de milhares de vidas de jovens no auge da produtividade(morrem cerca de 11 mil motociclistas no Brasil anualmente). Como conter essa barbaridade? É normal assistir motos de entrega furando sinais e serpenteando perigosamente em alta velocidade pelas ruas.
Estudos comprovam: o maior consumo de alimentos ultraprocessados(biscoitos recheados, sorvete, chocolate, barra de cereal, refrigerantes, energéticos, salsichas, pizza congelada, salgadinho de pacote, etc.) está associado a riscos 25% maiores de mortes por todas as causas e 29% maiores para doenças cardiovasculares, 20% para depressão e 31% para diabetes. Em 2019, foram aproximadamente 57 mil mortes prematuras de pessoas com idades entre 30 e 69 anos. Ou seja, mais de 155 óbitos que ocorreram por dia naquele ano estão relacionados ao consumo de comida ultraprocessada. Sem enfrentar esse problema, a situação tende a piorar muito e se assemelhar ao que ocorre nos EUA e no Reino Unido, onde os ultraprocessados respondem por 60% do consumo de alimentos. No Brasil, esse tipo de comida oscila em 20% da dieta da população adulta.
Esses casos só se resolvem com muita informação, punição e auxílio de tecnologia. Informação para orientar as pessoas, punição para quem não cumprir regras e tecnologia para auxiliar, sejam radares, rótulos orientadores ou dados disponibilizados digitalmente.
A medicina preventiva é fundamental para reduzir custos, eliminando muitas vezes a necessidade de internações. Trata-se de trocar o tratamento de doenças pela promoção da saúde. A tecnologia pode auxiliar com equipamentos vestíveis que monitoram sinais, sistemas que avisam às pessoas sobre necessidade periódica de exames ou vacinas, diagnósticos mais precisos ou novos medicamentos.
E a tecnologia ajudaria muito em eliminar os atritos nos processos, as dores do atendimento. O que explica, nessa altura da tecnologia, alguém ter que apanhar pessoalmente exames de imagem para levar ao médico, dar as mesmas informações pessoais novamente em uma volta ao hospital, não ter o seu prontuário pessoal digitalizado com sua história de atendimento?
Pelo menos têm avançado a telemedicina, as cirurgias robóticas, as terapias genéticas, as healthtechs, os transplantes e as cirurgias não invasivas. Que venha a inteligência artificial com perspectivas revolucionárias no tratamento, na prevenção, na melhoria da gestão e na redução de custos.
Publicado no Portal ES360 em 16/06/2024