O espírito empreendedor gera desenvolvimento

O publicitário Nizan Guanaes diz que empresário é o sujeito que tira de onde não tem e bota onde não cabe. Responsável por gerar empregos, pagar impostos e crescer a economia é malvisto por querer ganhar dinheiro e ficar rico. Ficar rico é glorioso, já disse Deng Xiao Ping ao enterrar o obscurantismo econômico da época de Mao Tse Tung na China, hoje lotada de bilionários e com 500 milhões tirados da pobreza.

Só quem é empresário conhece o sufoco de chegar ao final do mês sem caixa para pagar empregados, o stress de vender para pagar as contas, o sacrifício de família para se dedicar aos negócios sem horário ou sem férias remuneradas, a inglória tarefa de enfrentar a burocracia, crises recorrentes, voos de galinha na economia, o passado imprevisível e o apetite insaciável dos governos por impostos. Aquele que é funcionário público com estabilidade, que recebe seu salário impreterívelmente no fim do mês, não tem idéia do que significa o risco que justifica o lucro. 

Governos ditos de esquerda muitas vezes entendem que são mais capazes de mover a economia do que a iniciativa privada e têm dificuldade de controlar o gasto público pressionados pelo corporativismo dos grupos organizados. Enquanto isso, mais vocações naturais e talvez brilhantes empresários, quem sabe possíveis Steve Jobs ou Bill Gates, tranformam-se em concurseiros seriais minando seriamente o futuro do país.

Privatizações são demonizadas enquanto empresários são considerados não confiáveis ou que prejudicam a população só pensando em lucro. Alguns chegam a dizer que empresários nem são trabalhadores!

Não adianta imaginar que estruturas burocráticas são mais capazes de gerar empregos e riqueza do que um setor privado movido pelo espírito animal, tendo que inovar sempre, ameaçado permanentemente pela destruição criativa que Schumpeter mostrou e fazendo funcionar a mão invisível que equilibra preços e distribui a riqueza.

É um equívoco acreditar que só é público o que é estatal. O governo não consegue contratar os melhores do mercado, demitir os piores ou comprar sempre os melhores produtos. Concursos públicos avaliam conhecimentos genéricos sem entrevistas ou testes de personalidade e licitações acabam contratando por preço, com qualidade duvidosa, além de episódios frequentes de judicializações intermináveis. Poderosos órgãos de controle amedrontam a caneta burocrática, turbinando a ineficiência.

Claro que ao governo cabe a regulação, a fiscalização, programas de transferência de rendas e evitar a assimetria de informação, mas nunca a execução de ações que ele não tem competência para executar. O exemplo da área de saneamento é marcante. Décadas de operação estatal são atropeladas pelo dinamismo das concessões e PPPs após a aprovação do marco do saneamento pelo Congresso, com metas a serem cumpridas. O argumento de que empresas privadas não atenderiam a população de baixa renda é contestado por editais prevendo tarifas cruzadas e obrigações específicas nesse sentido.

Liberar o empreendedor das amarras burocráticas e combater visões estatizantes é o caminho mais rápido para o desenvolvimento do país.

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Publicado no Portal ES360 em 08/10/2023