Horizontes de inovação como estratégia de governo

O modelo dos Horizontes de inovação foi criado pela McKinsey para empresas e instituições em geral. Será que o modelo pode ser utilizado por governos no seu processo de planejamento? Inovar não significa só tecnologia, mas novos processos, produtos ou modelos de negócio. No nosso estado, garantir um ambiente de negócios favorável ao empreendedorismo, trabalhar a infraestrutura, turbinar a educação, reduzir desigualdades, disseminar o ESG, tem a ver com um ambiente propício ao desenvolvimento e à inovação. Porém, cabe ao estado também acompanhar as ações da iniciativa privada, facilitando, removendo obstáculos e concedendo subsídios.
No caso do Espírito Santo o que seria o H1? Como observar sob essa ótica o setor privado? Pela definição, o primeiro horizonte também é conhecido como inovação de sustentabilidade. Nesse horizonte, o foco está em solidificar o modelo de negócios atual sem se distanciar do core business. Isto é, otimizar ao máximo a operação e o retorno de produtos e serviços que a instituição já tem. Além disso, no H1 os projetos têm foco em trazer resultados no curto prazo e possuem um risco menor. No estado, podemos considerar a consolidação da venda dos poços de petróleo onshore pela Petrobras, a privatização da ESGás,  o deslanche da VPorts assumindo a Codesa, a continuidade das melhorias contínuas e descarbonização na Vale, ArcelorMittal e Suzano, o novo investimento em tecnologia da Garoto, a mudança de gestão na Fecomércio, o amadurecimento dos processos de inovação aberta nas grandes empresas com o FindesLab e a rede de galpões logísticos que colocam o estado como hub do setor.

O segundo horizonte está relacionado a ampliar o alcance da empresa para novos públicos, mercados ou produtos. Em outras palavras, é sobre explorar avenidas de crescimento que estejam próximas ao core business, em áreas adjacentes. No Espírito Santo podemos pensar o H2 incluindo, sem ser exaustivo: o briquete verde da Vale, o aço verde da ArcelorMittal, o Porto da Imetame, a retomada integral da operação da Samarco, a utilização plena da produção de gás natural, as novas indústrias de café solúvel, as oportunidades de negócio com o descomissionamento de plataformas de petróleo, as novas encomendas de barcos para a Transpetro, o encaminhamento da solução para as BR101 e 262 e a Ferrovia 118 para Ubu e a retomada do crescimento da produção de petróleo offshore.

O H3 se caracteriza por pretender criar alternativas para negócios futuros. A possibilidade de um LTQ – Laminador de Tiras a Quente da ArcelorMittal atrair toda uma linha branca, o Porto Central gerando novo desenvolvimento no sul do estado, energias alternativas, principalmente o hidrogênio verde, novos materiais estratégicos para veículos elétricos, as ricas jazidas de sal-gema e um polo gás-químico, economia verde, economia azul, economia criativa e o grande salto do mundo digital, a partir das startups investidas pelo fundo soberano. É no mundo digital que surgem, em quantidade, os empregos do presente e do futuro. Se as maiores empresas do mundo, em valor de mercado, são as digitais, porque não aqui também?

Assim como as empresas, um estado inovador tem que estar preparado, investindo, apoiando, reorientando incentivos e criando ambiência simultaneamente para os três horizontes de inovação.

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Publicado no Portal ES360 em 10/09/2023