Cpid – como lapidar um diamante bruto tecnológico?

Há um diamante bruto tecnológico a ser lapidado em Jardim América, Cariacica. No mesmo terreno do Iema, numa área construída de 3.664 m², em um bonito terreno arborizado de 16.442 m², fica o Cpid – Centro de Pesquisa, Inovação e Desenvolvimento, fruto de uma parceria entre Finep, Governo do Estado(Secti, Fapes, Iema), Ifes e Ufes. Investimento de R$ 27 milhões para atuar como um espaço de apoio à pesquisa e inovação.

Toda a construção foi realizada com critérios sustentáveis, em estrutura metálica sem o uso de lajotas e com placas cimentícias com drywall por dentro. Outro destaque na obra do CPID são os reservatórios, que possuem capacidade para armazenar 80 mil litros de água da chuva, utilizados na manutenção da área verde do espaço. No prédio também foi instalado uma Usina Experimental de Geração de Energias Alternativas com uma potência instalada de 264kWp e gerando em média, 35 MWh/mês, por meio de placas solares que armazenam a energia solar e a convertem em energia para uso no empreendimento. Como comparação, essa quantidade de energia elétrica é suficiente para abastecer cerca de 250 residências.

A estrutura do empreendimento conta com uma área administrativa e uma área técnica, onde foram implantados sete laboratórios para a realização de pesquisas científicas e projetos de desenvolvimento tecnológico para áreas de redes multimídia, cidades digitais, tecnologia de equipamentos, processos industriais, ensaios não-destrutivos, análise ambiental, caracterização física, química e microbiológica, água e desenvolvimento regional.

Equipamentos modernos novos em folha, financiados por órgãos de fomento, apoiam projetos carentes de mais recursos para geração de hidrogênio verde a partir de energia de resíduos, microalgas para cosméticos, caracterização de microrganismos em pimenta do reino exportada, biocombustíveis para navios, energia fotovoltaica, sensores em fibra ótica, biotecnologia e nanotecnologia.

Todo o ambiente poderia se transformar em um parque tecnológico para deeptechs, com espaço no prédio principal e na área em torno. Deeptechs são startups provenientes de projetos das bancadas de pesquisadores, com alto conteúdo tecnológico de ponta, elementos fundamentais para municiar, em alto nível, projetos da chamada e desejada neoindustrialização do país. E Cariacica é um município com poucas opções inovadoras.

Mas temos problemas. No espaço caberiam muitas vezes mais pesquisadores, bolsistas ficam pouco tempo em projetos relâmpagos sem criar um corpo permanente, equipamentos são subutilizados, não há uma estrutura comercial para captar projetos de empresas, não há movimento para atrair startups, o centro não está organizado nem para emitir notas fiscais de serviços e, principalmente, muito pouca gente sabe que existe.

Um centro que tem potencial para ser espetacular, hoje vaga na burocracia, com uma infraestrutura básica excelente em parte, porém sem estrutura para adequada prestação de serviços e sem rumo claro. Uma pena, mas quem tem um fundo soberano para investir no futuro tem como resolver. E isso é muito futuro.

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Publicado no Portal ES360 em 01/10/2023