Não é a engenharia que está eliminando empregos

As novas tecnologias vão eliminar empregos? Não é isso que está acontecendo. Há queixas generalizadas sobre falta de mão de obra em muitos setores. Não há pessoas para colheita de café, assim como não há para empresas de engenharia , TI(Tecnologia da Informação) e startups em geral. Para os empregos de baixa qualificação, a voz corrente é a concorrência com o bolsa família. Não querem assinar carteira para não perder o registro. Para os de alta qualificação, não há profissionais para suprir as vagas. Para comprovar a situação, a taxa de desemprego geral está baixa no país. De qualquer forma, os indicadores só pegam os que estão procurando emprego e temos mais de 10 milhões de jovens entre  15 e 29 anos que não estudam nem trabalham, resumidamente chamados de nem-nem. As reclamações falam ainda em baixo comprometimento dos que são contratados e da formação ruim dos engenheiros que saem das universidades.

No setor de TI , com alta demanda de gente, acelera-se a utilização da tecnologia low-code e no-code(com menor necessidade de codificação) , enquanto a AI generativa dá um banho de produtividade na programação. Técnicos experimentados falam em mais de 100% de ganhos. 

Na engenharia, as empresas aplicam inovações tecnológicas e de processos para dar conta das demandas das empresas contratantes das indústrias de base(siderurgia, mineração, metalurgia, petróleo, celulose), reduzindo a necessidade de pessoas – que não existem no mercado. A criatividade avança com acoplamento de tubos sem a necessidade de soldadores, muros de contenção erguidos como lego com menos trabalhadores, inéditos tanques circulares ou dutos de ar-condicionado montados fora dos canteiros, que mudam a tradicional alfaiataria do aço, agora sem tesouras, martelos e serras e com menos riscos, menos tempo e menos gente.

As iniciativas vão desde trocar a improdutiva montagem e desmontagem de andaimes por alpinismo industrial ou drones, até  o uso de sensores e inteligência artificial na manutenção ou o uso inteligente de pré-moldados na construção, reduzindo a movimentação de gente nos canteiros de obras, com ganhos na redução de acidentes.

BIM, Lean construction, modelagem 3D, IoT, visão computacional e gêmeos digitais na gestão de ativos passam a ser tecnologias em crescimento nos projetos de engenharia, com redução significativa também nos tempos de paradas para manutenção.

Grandes empresas começam a usar quase a mesma estratégia dos desafios apresentados para startups na inovação aberta, agora na engenharia. No lugar de projetos pré-definidos, a abertura para aceitar ideias novas dos parceiros fornecedores. Apresenta-se a ideia do que se pretende e as empresas de engenharia pensam a obra, trazendo suas ideias inovadoras, muitas vezes surpreendentes, com ganhos na redução de custos, riscos e tempo, verdadeiros laboratórios de inovação na construção civil, eletromecânica e metal-mecânica em geral.

Essa é a parceria que foi construída, e está sendo aprimorada, entre fornecedores e contratantes no Espírito Santo, com apoio da Câmara Setorial da Indústria de Base e Construção da Federação das Indústrias(com participação do CDMEC – Centro Capixaba de Desenvolvimento Metalmecânico) e o Programa de Desenvolvimento de Fornecedores-PDF, já tradicional,  que contribuiu para a expansão competente da engenharia capixaba para inúmeros projetos país afora.

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Publicado no Portal ES360 em 23/06/2024